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  • Foto do escritorDeise Brião Ferraz

O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente


mulher deitava na beira da praia e a frase escrita o passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente Mário Quintana

Desconfio das respostas rápidas, das pequenas certezas que carregamos ao dizer: “isso é assim porque aquilo foi daquele jeito” ou “Mas é que eu sou igual a minha mãe” ou, ainda, “Meu pai também faz assim”, “Esse é meu jeito”.


Confio mais no que as pessoas não dizem do que propriamente no que elas têm orgulho em dizer. Afinal de contas, se o inconsciente fosse tão acessível assim, poderíamos resolver nossos problemas com muito mais facilidade. Ele é mais complexo do que isso.


Ao admitirmos certas características e verdades como partes de quem somos, assumimos que não há nada novo para nos alcançar, já sabemos tudo. Está posto. Quem tem desculpas, não busca a solução, apenas a confirmação de suas hipóteses e legitimidade para viver como vive.


A questão é menos sobre como eu sou e mais como atuo enquanto sujeito ativo dos meus próprios processos de mudança. Sobre isso, Arthur Janov, criador da Terapia Primal, disse: “Temos recursos cognitivos incontáveis para manipular o que nos machuca.”


E fazemos isso muito bem. Mais reagimos ao passado e à nossa necessidade de defesa do que propriamente aos acontecimentos presentes.


Não somos ríspidos com nossos amigos, não somos duros com nossos filhos, dependentes com nossos companheiros como uma resposta ao que de fato está acontecimento. Na maioria das vezes, estamos tentando assegurar nosso Ego, nossa existência, nossa imagem, respondendo aos nossos traumas.


Quais respostas você tem prontas para dar agora mesmo? Em quantas delas você é a vítima? A injustiçada? Em quantas delas é você que pode ter errado? Olhar para a dor é a melhor oportunidade de aprender com ela.


Quando a questão é da criança ferida, do amor interrompido, do abandono, de não ser vista, isso faz com que a criança seja difícil de ser acessada, crie uma casca e diga que está tudo bem, inclusive para proteger sua história e ilusão em relação aos seus pais. Essa criança que depois será um adulto dirá muitas vezes que está tudo bem, apesar de saber que não está. Ela não tem permissão para sentir.


Para responder ao presente, preciso estar aqui. O passado precisa reconhecer seu lugar. Precisamos fazer as pazes com o que foi.

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